Representatividade
Inclusão e pioneirismo também vêm do futebol
Neste Dia Internacional da Síndrome de Down, o espaço é de torcedores da dupla Bra-Pel que ocupam lugares de destaque na Boca do Lobo e no Bento Freitas
Foto: Volmer Perez - DP - Há 12 anos frequentando o dia a dia da casa áureo-cerúlea, Pablinho fez muitas amizades com profissionais que passaram pelo Pelotas, entre eles Paulo Porto (foto)
Vêm dos maiores estádios de futebol da cidade dois exemplos de inclusão que vão além deste 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down. De diferentes maneiras, o Bento Freitas e a Boca do Lobo viraram espaços em que torcedores com essa síndrome são protagonistas.
Xavadown
A trajetória da Xavadown, que completa dois anos nesta semana, é de pioneirismo. A primeira torcida organizada formada por pessoas com Down no País virou presença certa em todos os jogos do Brasil. A faixa, geralmente localizada em um dos cantos da arquibancada sul do Bento Freitas, ajudou a afirmar a iniciativa em 2022.

De lá para cá, o clube abraçou a ideia e fortaleceu a torcida organizada. Em março do ano passado, por exemplo, aconteceu no gramado da Baixada um jogo de integração oriundo de parceria entre a Xavadown, o grupo de trabalho de ações do Brasil - atualmente desativado - e a Associação de Pais de Down de Pelotas (Apadpel).
Vice-presidente do Conselho Deliberativo do Rubro-Negro, Laura Quevedo está organizando para este ano uma nova atividade. Ao lado da também conselheira Saionara Borges e do gerente de futebol Luis Fernando Hannecker, ela planeja a realização de um campeonato de integração, no Bento Freitas.
A intenção é juntar membros da Xavadown, sócios do clube e parte dos atletas do atual elenco. Torcidas organizadas serão convidadas. “A nossa grande ideia é fazer esse holofote ficar voltado para eles [pessoas com Síndrome de Down], e eles serem as grandes estrelas. Já tomaram as arquibancadas e estão tomando o gramado”, afirma Laura.
Pablinho, o amigão
Pablo Rosso Schimuneck, 35 anos, frequenta o dia a dia da Boca do Lobo desde 2012, como recorda o preparador físico Roberto Recart. Virou o “amigão” de centenas de jogadores e profissionais que passaram pelo Pelotas. “É a segunda casa dele. Ele é tão feliz aqui. [...] É o que ele mais gosta, uma motivação”, resume a mãe, Elizane.

Durante todo esse período, Pablinho conviveu mais de uma vez com Paulo Porto. O treinador, que inicia nova passagem à frente do clube, fala com propriedade sobre a parceria do torcedor. “Todo mundo gosta dele, e em um primeiro momento ele já conquista os caras. Chega um grupo novo e o Pablinho se aproxima”, diz o técnico.
Nesta quarta-feira (20), por exemplo, o atacante Fauver Frank foi recepcionado com um abraço caloroso do torcedor. Para Paulo Porto, ele é um áureo-cerúleo de “vínculo vitalício” dentro do cotidiano do Lobo. “É um símbolo do nosso vestiário, alegra todo mundo. Fica sempre até o final dos treinos. Vejo o Pablinho como aquela contratação de contrato eterno aqui com a gente”.
Fã de Sandro Sotilli, Pablinho coleciona amigos mesmo que a passagem de muitos deles seja breve pela Boca do Lobo. E a cada nova temporada nutre a expectativa de ver o Pelotas retomar um caminho vitorioso. “Ele canta ‘vamos subir, Lobo’. Acorda, já fica cantando, mexendo nas coisas, dizendo que o Pelotas vai subir. [...] Amizade grande com todo mundo. Funcionário, jogador. Vai embora um, mas vêm outros”, completa Elizane.
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